domingo, 3 de fevereiro de 2008

extremos

Um dia ela me disse dirigindo e soltando às mãos do volante:
- Fecha os olhos, vou te ensinar a sentir!
Ela me deu uma parede pra pintar
E deixou eu brincar com as cores
Eu pude inventar um corredor de flores
Ela me deu amor da cabeça aos
Pés colocou uma borboleta
Como ela se debatia e eu sentia
Eu sentia tudo ao meu redor se debatia
E vibrava vida
Eu via de olhos fechados uma simples pedra pulsar

Até que um dia ela me disse cuspindo na minha imagem que refletia no espelho
- Abra os olhos, vou te ensinar a não sentir...
E devagar ela soltou a minha mão
E com um pedaço de carvão
Ela fez do que era verde e roxo o preto
Tudo era tão escuro quando ela se jogou ao chão
Madrugada ao cheiro de cigarro e cores
Ela pisou de conhaque nas flores do nosso jardim
E eu fiquei ali assistindo até o fim
Já não sentia mais nada em mim
De olhos bem abertos tudo ao meu redor parou de cintilar

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