segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Era melhor...

"...Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada. Eu sei, não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem sequelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor..."
Martha Medeiros

Lugar

Daqui pra lá,
onde é que eu vou parar?

Momento

O vício foi
apenas o
início,
o agora é
toda hora.

Escolha

Beber cerveja sozinha,
essa solidão é só minha.

sábado, 12 de setembro de 2009

Obrigada

Aleluia
Amém
Que assim seja!

Pra te ver/ter

Não espero
a vida
como um
conto,
é depois do
ponto,
que te
encontro.

CFA

Pensamentos destruidos,
sonhos derrotados
assim como
morango mofados.

Perfumes e paladar

Flor de margarida,
quão amargo é minha vida!

O agora 2

Momento Martha Medeiros
Quem me dera
encontrar seu
paradeiro.

O agora

Momento Leminski
dignos
deva
neios

Do lado

aqui
nesta pedra
alguém sentou
olhando o mar
o mar
não parou
pra ser olhado
foi mar
pra tudo quanto é lado

Nasce

É quando a vida vase.
É quando como quase.
Ou não, quem sabe.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Insustentável Leveza do Ser

A vida pra você sempre foi tão leve.
Pra mim, tão pesada.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

meu inferno celeste...

E entre nós dois
Se deu, depois, o caso da maçã e da serpente,
Se deu, e se dará continuamente:
Na palma da tua mão,
Me ofertaste, e eu mordi, o fruto do pecado.
- Meu nome é Adão...

E em que furor sagrado
Os nossos corpos nus e desejosos
Como serpentes brancas se enroscaram,
Tentando ser um só!

Ó beijos angustiados e raivosos
Que as nossas pobres bocas se atiraram
Sobre um leito de terra, cinza e pó!

Ó abraços que os braços apertaram
Dedos que se misturaram!

Ó ânsia que sofreste, ó ânsia que sofri,
Sede que nada mata, ânsia sem fim...
Tu de entrar em mim, eu de entrar em ti.

José Régio

quinta-feira, 26 de março de 2009

Jean-Jacques Rousseau

"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente ingênuas para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém."


"E quais poderiam ser as correntes da dependência entre homens que nada possuem? Se me expulsam de uma árvore, sou livre para ir a uma outra."


"O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."


terça-feira, 10 de março de 2009

só eu sei.

Somos todos grávidos do saber, mas recorremos sempre a concepção dos outros para entender o que nós mesmos sentimos. Preferimos a definição de conceitos propagados pelos autores dos livros que lemos. Preferimos a definição de amor segundo Caio Fernando Abreu, o desespero de Clarice Lispector, a suavidade de Alice Ruiz, sendo q o verdadeiro conceito pra tudo e qualquer coisa está dentro de nós mesmos, no entanto é mais conveniente abraçar a verdade do outro, ‘sentir’ como o outro, ‘amar’ como o outro, ‘sofrer’ como o outro do que olhar por um instante para dentro de nós mesmos e buscar a nossa própria verdade. Eu Amo desesperadamente e docemente a minha maneira.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

e o futuro...

é uma astronave que tentamos pilotar
não tem tempo, nem piedade
nem tem hora de chegar
sem pedir licença muda nossa vida
e depois convida a rir ou chorar...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

tu es ma came...

J'aime tes yeux, tes cheveux, ton arôme
Viens donc la que je te goûte que je te fume
Tu es ma solution à mon doux problème
A toi ma disgrâce et ma fortune
Quand tu pars c'est l'enfer et ses flamme
Je te veux jusqu'à en vendre l'âme
À tes pieds je dépose mes armes

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

travesseiros imaginários

Todo dia eu faço uma aposta.
As pessoas nadam em suas próprias mentiras.
Passam por cima do sol para angariar o que lhes é
aprazível.
E seguem insones.
As cabeças cansadas já não cabem
mais nos travesseiros de costume.
As palpebras pesam à medida dos anos.
As pessoas seguem pisando em seus chãos,
em seus céus, em seus sóis
e em si mesmas.
E se martirizam a cada segredo

guardado na estante
sustentada em madeira e remorso.

As pessoas passam a vida tentando ficar impunes,
enquanto eu almejo apenas ficar

imune a todas elas.
E quando já não há mais espaço entre
madeira e remorso,
as pessoas tentam outros travesseiros que
abracem generosamente suas cabeças cheias
de culpa.
E se aproximam umas das outras em busca
de perdão,
em busca de algo que as leve à redenção.
E seguem cegas
e insones.

À procura de seus travesseiros imaginários.
E adoecem envenenadas por seus próprios segredos.

Todo dia eu faço uma aposta.

Enquanto as pessoas morrem afogadas
na piscina de mentiras que cultivam em seus quintais.
As cabeças são grandes demais
para as fôrmas dos travesseiros vendidos nas lojas.
E pesam.
Pesam a medida dos anos.

E quando estendo a mão a alguém é quase sempre
um lapso.
Cada aceno em direção ao outro é risco de queda livre.
E sempre aceno.
E sempre despenco.

Mas meu consolo é minha estante.
Sustentada em madeira e fé.

E meu travesseiro tem a medida de minha cabeça:
leve.

E ainda assim,
todo dia eu faço uma aposta.
E todo dia eu perco.

[Maíra Viana]

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Antes do Pôr-do-Sol

Acho que sou esquisita por não conseguir superar coisas.
As pessoas têm um caso ou mesmo relacionamentos,

separam-se e se esquecem.
Vão em frente, como se trocassem a marca do cereal.
Sinto que não esquecerei as pessoas com quem estive
porque cada pessoa tem... qualidades específicas.
Não se pode substituir ninguém.
O que está perdido está perdido.
Cada relacionamento terminado me magoa.
Nunca me recupero.
Sentirei falta de coisas mundanas da pessoa.
Tenho obsessão por pequenas coisas.
Talvez seja louca, mas quando eu era menina
minha mãe me disse que eu chegava atrasada na escola
e ela me seguiu pra descobrir o motivo.
Eu estava olhando castanhas caindo das árvores
ou vendo as formigas atravessando a rua
ou a sombra de uma folha no tronco de uma árvore.
Pequenas Coisas.
Acho que acontece o mesmo com as pessoas.
Eu vejo pequenos detalhes em cada uma delas

que me comovem e dos quais sempre sinto falta.
Não se pode substituir ninguém porque todos são a soma
de pequenos e belos detalhes.
Como o fato de me lembrar que tem fios ruivos na barba
e que o sol os fez brilhar naquela manhã
um pouco antes de você partir...
Eu me lembrei disso e senti saudades.
Isso é uma loucura, não é ?

é

ali
e
nada
de tudo.