sexta-feira, 13 de junho de 2008
Ensaio Sobre a Cegueira
''Jovens sem nenhuma utopia caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas, sem nenhuma luz. Sem nenhuma luz de Fernando Pessoa. Fechados nas sexuais telas da impotência, se masturbam contemplando corpos em decomposição. Morte da minha fé, onde estavam o beija-flor e o arco- íris... na hora do nascimento destas criaturas. Quantas gotas de flor restam pros corredores de céus de vossas bocas, quais noites clamam por vossos nomes. Eu entrando na virtuosa idade, eles entrando em idade nenhuma. Os filhos da morte burra, cheiram o branco pó da anemia. Esqueceram que um dia tocaram na poesia da transgressão em pleno frente de suas esquecidas mães. Esqueceram de colar o ouvido ao chão para ouvir as eternas batidas do coração das borboletas. Os filhos da morte burra, jamais levantam uma folha para conhecer o labor dos insetos. Jamais erguem taças ao luar, para brindar a vigorosa lua. Os filhos da morte burra desconhecem ou jamais ouviram falar em iluminação. Apenas abrem a boca para vomitar''
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